quinta-feira, 14 de abril de 2011

Como identificar as habilidades leitoras

Vicente Martins
professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, Estado do Ceará. vicente.martins@uol.com.br

Uma notícia me chega, por e-mail, vinda do malote do MEC: “as provas da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) serão aplicadas no período de 5 a 20 de novembro de 2007, em todo o País”. Como se sabe, a Prova Brasil avalia alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental da rede pública e urbana de ensino. A avaliação é universal, portanto oferece resultados para o Brasil, para cada unidade da Federação, município e escola participantes. Os resultados da Prova Brasil são a base para o cálculo dos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Idebs) de cada município e escola, ao lado das taxas de aprovação nessas esferas.

Releio a notícia governamental e me encuco com as coisas que tenho ouvido falar a respeito das iniciativas de governo, antes, durante e, certamente, pós-Lula. Há uma idéia ou um equívoco histórico sobre o que os que governam fazem em prol da educação, fruto de um senso comum de que tudo que vem do setor público não presta. Isso não é verdade. É necessário que tenhamos senso, apenas senso, no tocante à coisa pública, que pertence, pois, a todos os que fazem a sociedade. Não se pode generalizar uma crítica sobre os conflitos de gestão governamental com o que ocorre no interior dos serviços e equipamentos sociais. Na década de 1980, a universalização do Ensino Fundamental, direito público subjetivo, era um compromisso constitucional; hoje, uma realidade social. A educação e os que fazem a sua gestão ainda não são o que há de melhor no Brasil e no mundo.

Há iniciativas interessantes e realmente inspiradoras em algumas das ações dos governos Federal, estaduais e municipais. Refiro-me aqui ao ente federal e às iniciativas do MEC, através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), em particular. Realmente, é preciso bom senso para não se generalizarem ilusões de ótica ou juízos equivocados sobre os programas em prol da melhoria da qualidade de ensino em nosso país. Um bom exemplo é a experiência da Prova Brasil — no meu entendimento, mais do que uma prova, uma ferramenta educacional preciosa e de grande utilidade para o diagnóstico das dificuldades em leitura, na escola. Quando me pedem um diagnóstico das dificuldades leitoras, proponho, sempre, as ferramentas de observação e análise da Prova Brasil ou do antigo, mas ainda não sepultado, Saeb.

A Prova Brasil, levada a efeito, periodicamente, pelo MEC, com a participação de escolas públicas municipais e estaduais, identifica as habilidades leitoras das crianças e dos jovens da Educação Básica, e seus descritores (habilidades e competências requeridas aos alunos no campo do ensino da língua materna) podem ser parâmetros de observação de determinado aluno, turma ou mesmo da escola. É uma prova, enfim, que nos diz, em forma de protocolo de observação, por nível de competência, como está o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem do aluno, através da leitura, da escrita e do cálculo. É, em substância, um diagnóstico seguro sobre o nível de aprendizado de leitura dos alunos da Educação Básica.

Cumprindo um desiderato da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei no 9.394/96, a Prova Brasil foi idealizada para produzir informações sobre o ensino oferecido por município e escola, individualmente, com o objetivo de auxiliar os governantes nas decisões e no direcionamento de recursos técnicos e financeiros, assim como a comunidade escolar no estabelecimento de metas e na implantação de ações pedagógicas e administrativas, visando à melhoria da qualidade do ensino. Para os docentes, foi criado um mapa importante para guiar uma instrução direcionada para a qualidade do ensino e garantir, pois, a aprendizagem dos conteúdos, das competências e das habilidades curriculares.

No tocante à prova de Língua Portuguesa (com foco em leitura), o que nos interessa no presente artigo é dizer que o instrumento avaliativo é simples e muito objetivo: os alunos devem responder a questões tecnicamente elaboradas, em níveis de dificuldade crescentes, a partir do que está previsto para aquisição e desenvolvimento de habilidades e competências nas séries da educação escolar, em seus currículos escolares, em todas as unidades da Federação e, ainda, nas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Além das provas de Língua Portuguesa e Matemática, os alunos respondem a um questionário que coleta informações sobre seu contexto social, econômico e cultural. O questionário ilumina ainda mais os dados da realidade: o que os alunos apresentam como resultados de sua real aprendizagem decorre das suas condições de vida, de moradia, da oferta de ensino em sua escola? Buscar a resposta é um desafio prazeroso para quem sabe o valor de se avaliar os alunos a partir das práticas sociais.

Para nós educadores, a Prova Brasil, inspirada na objetividade, inteligência e engenhosidade do Saeb, de natureza oficial (ou, quem sabe, de caráter estatal), é estimulante para docentes e gestores educacionais tanto de escolas públicas como de escolas privadas. A matriz de Língua Portuguesa, por exemplo, focaliza o processo leitor, especialmente a compreensão leitora, e, mais do que uma simples “prova de verificação de rendimento”, a Prova Brasil é de grande utilidade para o diagnóstico dos problemas de leitura em sala de aula ou na escola como um todo.

A Prova Brasil não é um provão, uma prova para meter medo e pavor nas pessoas, e sim uma salutar provocação para aqueles que fazem educação em nosso país e sabem que as dificuldades, aflições, inquietações no campo educacional são muitas e de natureza diversa. Educar é cotidianamente aceitar o desafio de formar crianças, jovens e adultos para a cidadania e para o desenvolvimento humano — disposição, pois, que põe à prova a crença pedagógica, a força moral, a fé religiosa, as experiências docentes e as convicções ou todas as formas de senso daquilo que consideramos certo ou errado na formação escolar.

A partir da matriz descritora de Língua Portuguesa, podemos observar, à luz das ciências cognitivas, quais os níveis de dificuldade leitora e quais são, também, especificamente, para cada domínio ou competência em leitura, as habilidades leitoras requeridas aos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, descritores importantes para a exigência de um ensino de leitura eficaz e eficiente na rede escolar de ensino, mas com garantia de qualidade e com explícita finalidade emancipatória, uma vez que só a leitura, a escrita e o cálculo podem favorecer o desenvolvimento da capacidade de aprender. Para maior detalhamento das diretrizes governamentais sobre a Prova Brasil, é interessante acessar o site do Inep, no seguinte endereço: http://www.inep.gov.br/basica/saeb/prova_brasil/.

Competências leitorasHabilidades cognitivas
Procedimentos de Leitura
Emprego de estratégias para localizar informações explícitas e inferir informações implícitas em um texto.
Implicações do Suporte, do Gênero ou do Enunciador na Compreensão do Texto
Interpretação de gêneros textuais variados - veiculados em diferentes suportes, como jornais, revistas, livros didáticos ou literários - e identificação da finalidade de um texto em função de suas características, como o conteúdo, a utilização, ou não, de recursos gráficos e o estilo de linguagem.
Relação entre TextosIdentificação, comparação e análise de idéias ou abordagens sobre um mesmo fato ou tema expresso em textos de gêneros variados, produzidos e veiculados em distintos contextos históricos, sociais e culturais.
Coerência e Coesão no Processamento do TextoIdentificação de elementos que colaboram para a construção da seqüência lógica entre as idéias e permitem estabelecer relações entre as partes de um texto.
Relações entre Recursos
Expressivos e Efeitos de
Sentido
Construção e antecipação de significados a partir de recursos expressivos,
como ortografia, pontuação, ironia, humor e outras notações, que
possibilitam uma leitura para além dos elementos evidentes na superfície
do texto.
Variação LingüísticaReconhecimento das marcas lingüísticas que permitem identificar o locutor e o interlocutor no texto, compreender os enunciados e avaliar sua adequação às diferentes situações de interação.



Habilidades leitoras requeridas a alunos da Educação Básica (descrição dos níveis da escala)


Nível: 125
A partir de textos curtos, como contos infantis, histórias em quadrinhos e convites, os alunos da 4ª e da 8ª séries:
  •  Localizam informações explícitas que completam literalmente o enunciado da questão.
  • Inferem informações implícitas.
  • Reconhecem elementos como o personagem principal.
  • Interpretam o texto com auxílio de elementos não-verbais.
  • Identificam a finalidade do texto.
  • Estabelecem relação de causa e conseqüência em textos verbais e não-verbais.
  • Conhecem expressões próprias da linguagem coloquial.
 Nível: 150
Além das habilidades anteriormente citadas, neste nível os alunos da 4ª e da 8ª séries:  
  • Localizam informações explícitas em textos narrativos mais longos, em textos poéticos, informativos e em anúncios de classificados.  
  • Localizam informações explícitas em situações mais complexas, por exemplo, requerendo a seleção e a comparação de dados do texto.
  • Inferem o sentido de palavra em texto poético (cantiga popular).  
  • Inferem informações, identificando o comportamento e os traços de personalidade de uma determinada personagem com base em texto do gênero conto de média extensão, de texto não-verbal ou expositivo curto.  
  • Identificam o tema de um texto expositivo longo e de um texto informativo simples.  
  • Identificam o conflito gerador de um conto de média extensão.  
  • Identificam marcas lingüísticas que evidenciam os elementos que compõem uma narrativa (conto de longa extensão).  
  • Interpretam textos com material gráfico diverso e com auxílio de elementos não-verbais em histórias em quadrinhos, tirinhas e poemas, identificando características e ações dos personagens.
Nível: 175
Este nível é constituído por narrativas mais complexas, que incorporam novas tipologias textuais (ex.: matérias de jornal, textos enciclopédicos, poemas longos e prosa poética). Nele, os alunos da 4ª e da 8ª séries:  
  • Localizam informações explícitas, com base na reprodução das idéias de um trecho do texto.
  • Inferem o sentido de uma expressão, mesmo na ausência do discurso direto.
  • Inferem informações que tratam, por exemplo, de sentimentos, impressões e características pessoais das personagens, em textos verbais e não-verbais.
  • Interpretam histórias em quadrinhos de maior complexidade temática, reconhecendo a ordem em que os fatos são narrados.
  • Identificam a finalidade de um texto jornalístico.
  • Localizam informações explícitas, identificando as diferenças entre textos da mesma tipologia (convite).
  • Reconhecem elementos que compõem uma narrativa com temática e vocabulário complexos (a solução do conflito e o narrador).
  • Identificam o efeito de sentido produzido pelo uso da pontuação.
  • Distinguem efeitos de humor e o significado de uma palavra pouco usual. 
  • Identificam o emprego adequado de homonímias. 
  • Identificam as marcas lingüísticas que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos. 
  • Reconhecem as relações semânticas expressas por advérbios ou locuções adverbiais e por verbos.
Nível: 200
 A partir de anedotas, fábulas e textos com linguagem gráfica pouco usual, narrativos complexos, poéticos, informativos longos ou com informação científica, os alunos da 4ª e da 8ª séries:  
  • Selecionam, entre informações explícitas e implícitas, as correspondentes a um personagem.
  • Inferem o sentido de uma expressão metafórica e o efeito de sentido de uma onomatopéia.
  • Inferem a intenção implícita na fala de personagens, identificando o desfecho do conflito, a organização temporal da narrativa e o tema de um poema.
  • Distinguem o fato da opinião relativa a ele e identificam a finalidade de um texto informativo longo.
  • Estabelecem relações entre partes de um texto pela identificação de substituições pronominais ou lexicais.
  • Reconhecem diferenças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos.
  • Estabelecem relação de causa e conseqüência explícita entre partes e elementos em textos verbais e não-verbais de diferentes gêneros.
  • Identificam os efeitos de sentido e humor decorrentes do uso dos sentidos literal e conotativo das palavras e de notações gráficas.
  • Identificam a finalidade de um texto informativo longo e de estrutura complexa, característico de publicações didáticas.

Nível: 225

Os alunos da 4ª e da 8ª séries:
  • Distinguem o sentido metafórico do literal de uma expressão.
  • Localizam a informação principal.
  • Localizam informação em texto instrucional de vocabulário complexo.
  • Identificam a finalidade de um texto instrucional, com linguagem pouco usual e com a presença de imagens associadas à escrita.
  • Inferem o sentido de uma expressão em textos longos com estruturas temática e lexical complexas (carta e história em quadrinhos).
  • Estabelecem relação entre as partes de um texto pelo uso do porquê como conjunção causal.
  • Identificam a relação lógico-discursiva marcada por advérbio ou conjunção comparativa.

 Os alunos da 8ª série, neste nível, são capazes ainda de:  
  • Localizar informações em textos narrativos com traços descritivos que expressam sentimentos subjetivos e opinião.
  • Identificar o tema de textos narrativos, argumentativos e poéticos de conteúdo complexo.
  • Identificar a tese e os argumentos que a defendem em textos argumentativos.

Nível: 250

Utilizando como base a variedade textual já descrita, neste nível os alunos da 4ª e da 8ª séries:
  • Localizam informações em paráfrases, baseados em texto expositivo extenso e com elevada complexidade vocabular.
  • Identificam a intenção do autor em uma história em quadrinhos.
  • Depreendem relações de causa e conseqüência implícitas no texto.
  • Identificam a finalidade de uma fábula, demonstrando apurada capacidade de síntese.
  • Identificam a finalidade de textos humorísticos (anedotas), distinguindo efeitos de humor mais sutis.
  • Estabelecem relação de sinonímia entre uma expressão vocabular e uma palavra.
  • Identificam relação lógico-discursiva marcada por locução adverbial de lugar, conjunção temporal ou advérbio de negação em contos.

 Os alunos da 8ª série conseguem ainda:  
  • Inferir informação a partir de um julgamento em textos narrativos longos.
  • Identificar as diferentes intenções em textos de uma mesma tipologia e que tratam do mesmo tema.
  • Identificar a tese de textos argumentativos, com linguagem informal e inserção de trechos narrativos. Identificar a relação entre um pronome oblíquo ou demonstrativo e uma idéia.
  • Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de recursos morfossintáticos.

Nível: 275
Na 4ª e na 8ª séries, os alunos:
  • Identificam relação lógico-discursiva marcada por locução adverbial de lugar, advérbio de tempo ou termos comparativos em textos narrativos longos, com temática e vocabulário complexos.
  • Diferenciam a parte principal das secundárias em texto informativo que recorre à exemplificação.

 Os alunos da 8ª série são capazes de:  
  • Inferir informações implícitas em textos poéticos subjetivos, textos argumentativos com intenção irônica, fragmento de narrativa literária clássica, versão modernizada de fábula e histórias em quadrinhos.
  • Interpretar textos com linguagem verbal e não-verbal, inferindo informações marcadas por metáforas.
  • Reconhecer diferentes opiniões sobre um fato em um mesmo texto.
  • Identificar a tese com base na compreensão global de artigo jornalístico cujo título, em forma de pergunta, aponta para a tese.
  • Identificar opiniões expressas por adjetivos em textos informativos e opinião de personagem em crônica narrativa de memórias.
  • Identificar diferentes estratégias que contribuem para a continuidade do texto (ex.: anáforas ou pronomes relativos, demonstrativos ou oblíquos distanciados de seus referentes).
  • Reconhecer a paráfrase de uma relação lógico-discursiva.
  • Reconhecer o efeito de sentido da utilização de um campo semântico composto por adjetivos em gradação, com função argumentativa.
  • Reconhecer o efeito de sentido do uso de recursos ortográficos (ex.: sufixo diminutivo).
Nível: 300

Os alunos da 4ª e da 8ª séries:

  • Identificam marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor do texto, caracterizadas por expressões idiomáticas.

Os alunos da 8ª série:
  • Reconhecem o efeito de sentido causado pelo uso de recursos gráficos em textos poéticos de organização sintática complexa.
  • Identificam efeitos de sentido decorrentes do uso de aspas.
  • Identificam, em textos com narrativa fantástica, o ponto de vista do autor.
  • Reconhecem as intenções do uso de gírias e expressões coloquiais.
  • Reconhecem relações entre partes de um texto pela substituição de termos e expressões por palavras pouco comuns.
  • Identificam a tese de textos informativos e argumentativos que defendem o senso comum com função metalingüística.
  • Identificam, em reportagem, argumento que justifica a tese contrária ao senso comum.
  • Reconhecem relações de causa e conseqüência em textos com termos e padrões sintáticos pouco usuais.
  • Identificam efeito de humor provocado por ambigüidade de sentido de palavra ou expressão em textos com linguagem verbal e não-verbal e em narrativas humorísticas.
  • Identificam os recursos morfossintáticos que agregam musicalidade a um texto poético.  

Nível: 325
Além de todas as habilidades descritas nos níveis anteriores, os alunos da 8ª série, neste nível:
  • Identificam informações explícitas em texto dissertativo argumentativo, com alta complexidade lingüística.
  • Inferem o sentido de uma palavra ou expressão em texto jornalístico de divulgação científica, em texto literário e em texto publicitário.
  • Inferem o sentido de uma expressão em texto informativo com estrutura sintática no subjuntivo e vocábulo não-usual.
  • Identificam a opinião de um entre vários personagens, expressa por meio de adjetivos, em textos narrativos.
  • Identificam opiniões em textos que misturam descrições, análises e opiniões.
  • Interpretam tabela a partir da comparação entre informações.
  • Reconhecem, por inferência, a relação de causa e conseqüência entre as partes de um texto.
  • Reconhecem a relação lógico-discursiva estabelecida por conjunções e preposições argumentativas.
  • Identificam a tese de textos argumentativos com temática muito próxima da sua realidade, o que exige um distanciamento entre a posição do autor e a do leitor.
  • Identificam marcas de coloquialidade em textos literários que usam a variação lingüística como recurso estilístico.
  • Reconhecem o efeito de sentido decorrente do uso de gíria, de linguagem figurada e outras expressões em textos argumentativos e de linguagem culta.

 Nível: 350
Superdotado.




 Se observarmos cada um dos itens acima da matriz de Língua Portuguesa, veremos que é uma questão de bom senso, e não de senso comum, a constatação da validade desse instrumento governamental na verificação do aprendizado ou não-aprendizado da leitura das crianças.

Se eu fosse filósofo, diria, a respeito dessa questão, que, quando somos orientados apenas pelo senso comum, temos opiniões, idéias e concepções que, prevalecendo em um determinado contexto social, se impõem como naturais e necessárias, mas não evocam, de nossa memória histórica e social, reflexões ou questionamentos maduros e críticos. É insofismável que a Prova Brasil atravessa o limiar do senso comum.

Conhecer bem o instrumento de avaliação de aprendizagem que é a Prova Brasil e saber como aplicar seus procedimentos em nossa escola parece-me, decididamente, que nos leva a um senso prático, e este, por sua vez, leva-nos a um engajamento educacional, e não a um atrelamento político das iniciativas de governo e assim, como quero aqui salientar, conduz-nos à formação de um senso crítico e do exercício do bom senso.

Bom senso, como dizem os filósofos, é a capacidade, o poder ou a aptidão de distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, o bem do mal em questões corriqueiras, que não careçam de soluções técnicas, científicas ou não exijam raciocínio elaborado. Mais do que uma questão de bom senso, avaliar a importância de aplicar a Prova Brasil na rede pública de ensino e, posteriormente, nas instituições privadas de ensino é, na verdade, um exercício de senso crítico, uma vez que passamos a apreciar e julgar, com ponderação e discernimento, as coisas, seja públicas, seja privadas.

Fonte: Construir Notícias

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