sábado, 26 de fevereiro de 2011

Bem-vinda, leitura

Monica Martinez  - São Bernardo do Campo/SP

Coruja, coruja, venha à minha festa! Obrigado, irei sim, se você convidar a Chapeuzinho. Chapeuzinho, Chapeuzinho, venha à minha festa! Obrigada, irei sim, se você convidar as crianças. Crianças, crianças, venham à minha festa! Irei sim, se você convidar... a bruxa! Os colegas de turma da pequena Gabriele Trindade Pereira, 6 anos, explodem em gostosas gargalhadas ao ouvir o término da história narrada pela amiguinha.

É pra lá de lúdico o ambiente da biblioteca infantil do Colégio Termomecânica, localizado no bairro Alvarenga, em São Bernardo do Campo (SP). Mantida pela Fundação Salvador Arena – que leva o nome do engenheiro fundador da empresa, fabricante de ligas metálicas não ferrosas –, ela foi inaugurada em abril de 2003 e acolhe duas vezes por semana 65 alunos do colégio e os 48 da Escola Infantil Salvador Arena, todos entre 5 e 6 anos e, além de atender cerca de 400 alunos do Ensino Fundamental. Ambos são localizados no mesmo bairro Alvarenga, contudo os critérios de seleção são diferentes. “Em 2004, 4,2 mil crianças concorreram às 65 vagas do colégio”, diz a coordenadora Heloísa Villas Boas. Já a Escola Infantil privilegia os moradores da favela recentemente urbanizada que divide muros com a instituição. “Abrimos 40 vagas anuais no maternal, que ano passado foram disputadas por 300 pessoas”, conta a diretora, Angela Maria Guariglia. Tanto no colégio quanto na escola infantil as vagas são decididas por sorteio.


Muito além dos livros

A infoeducadora Cláudia Aparecida Branco Guedes explica que o propósito da biblioteca é possibilitar às crianças o contato com variadas formas de informação, como internet, revistas, CD-Rom, fitas de vídeo, além dos livros e gibis infantis adorados pelos freqüentadores. No quesito obras literárias, a escolha prima pela diversidade. “No começo foram selecionados 2,5 mil títulos. Hoje são mais de 3 mil obras”, conta a bibliotecária Miriam da Silva.

Por meio de atividades como contar histórias, pesquisar, assistir a filmes, desenhar e, claro, manusear os livros, os professores facilitadores procuram construir paulatinamente o entrosamento dos pequenos com o universo da leitura. Tudo a seu tempo, claro. “A idéia não é alfabetizar as crianças, mas respeitar os repertórios que trazem de casa e estimular a vontade de ler e decifrar conteúdos”, explica Cláudia. Além das duas visitas semanais, a criançada retira exemplares, que podem curtir em casa de quinta a segunda-feira, o que permite a participação da família no processo. Afinal, há pais que trabalham o dia todo e só têm os finais de semana para compartilhar essa atividade com os filhos.

Para manter a ordem impecável da biblioteca, a infoeducadora conta com o auxílio simbólico de Chiquinho, um simpático fantoche que fica empoleirado sobre sua mesa que faz às vezes de coordenador durão, ensinando os pequenos a desfrutar do material, mas também a preservá-lo. A biblioteca fica aberta na hora do almoço das crianças, quando os pequenos alunos precisam de uma senha – geralmente carregada no bolsinho detrás da calça do uniforme – para usufruir do espaço. Em tempo: as estantes foram planejadas para que os petizes se sirvam à vontade, com autonomia e liberdade, de contos de fadas a biografias, de ciências a autores indígenas.

Ao final da entrevista, os alunos, debruçados sobre seus livros favoritos, são convidados a retornar à sala de aula. A queixa por abandonar o espaço é geral. Espontânea e sabendo que semana que vem tem mais, a pequena Gabriele não perde tempo e sapeca: “Esta história entrou por uma porta e saiu por outra. Quem quiser que conte outra”.

Fonte: Revista Criança nº 40

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