quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pesquisa mostra Brasil que não lê

Com 420 municípios sem bibliotecas, brasileiros leem pouco e têm acesso limitado a livros. Rio quase na lanterna

Por Raphael Zarko

Rio - Pequeno número de bibliotecas, o acesso ruim às poucas existentes nas periferias do País e a má formação dos profissionais são alguns dos muitos motivos para o resultado do 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais. O estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Ministério da Cultura (Minc) esteve em 4.905 municípios de Norte a Sul do País, onde constatou que em 420 cidades não existe biblioteca pública ou foi fechada.
Foto: Arte O Dia
Os números contrastam com o investimento anunciado pelo governo nos últimos anos: segundo o MinC, em 2003 foram destinados R$ 6 milhões ao setor, enquanto no ano passado foram investidos R$ 95 milhões — um salto de 1.500% que não mostra a realidade do setor, segundo especialistas. “Não é surpresa, porque já conhecemos bem essa realidade. Só faltava essa metodologia para comprovar. Se não há atenção que merece, esse era o resultado esperado”, afirma a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues. Para ela, a simples transferência de verba para os municípios não resolve, pois falta estrutura para aplicar o dinheiro corretamente.

“Os municípios têm que preencher uma série de requisitos, apresentar certidões negativas e muitas exigências que não podem cumprir”, lembra a presidente da CFB, que critica também a formação profissional. A pesquisa indica que 57% dos funcionários da biblioteca têm nível superior.

A bibliotecária Sônia Neves, da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (Febf-Uerj), associa a questão ao mal aproveitamento dos kits entregues a municípios. “Se os dirigentes não são da área, como vão cuidar do material? E será que o material do Sudeste tem que ser o mesmo do Norte?”.

Professora da Febf (Uerj), Alzira Batalha critica o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado como “o PAC da educação” pelo governo federal. “O ProInfo quer colocar computadores nos municípios, mas há lugares que não têm o básico. As bibliotecas têm até goteiras”, afirma ela.

E a situação no Rio de Janeiro não é nada boa. O censo mostrou que o estado ficou na 25º posição entre as 27 unidades da Federação na classificação por quantidade de bibliotecas para cada 100 mil habitantes. No período pesquisado havia cinco municípios que não tinham bibliotecas públicas: Arraial do Cabo, Cambuci, Itaperuna, Laje do Muriaé e Valença, que reabriu a biblioteca Dom Pedro II em dezembro de 2009.

Porém, o coordenador do espaço, José Viriato, ainda aguarda o material prometido pelo MinC. “Não há previsão ainda”.

Fonte: O Dia Online

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