terça-feira, 22 de junho de 2010

O prazer da leitura

Francisco Fernandes de Araújo é escritor


Todos precisam investir em leitura e reflexão. É ganho cultural certeiro para ocupar espaços que a vida oferece. Ler é divertido e fundamental. O único patrimônio que ninguém tira do ser humano é o conhecimento. Castro Alves disse-o em poesia: “O livro, caindo n’alma, é germe que faz a palma, é gota que faz o mar”.

Quem lê com prazer não se enfastia. Faz o leitor entender, interpretar e contar as histórias lidas, desenvolvendo, por acréscimo, a capacidade de escrever e questionar o mundo. É preciso “curtir” a leitura para tirar proveito dela. E o escritor não deve desconhecer que o leitor, além da informação, quer algo mais que o faça pensar, emocionar, e, sobretudo, divertir.

Ler é um aprendizado que convém começar na infância. Um desafio para pais e educadores. Nenhum programa de estímulo à leitura terá resultado satisfatório se faltar o exemplo na escola e no lar. O incentivo poderá começar pelo ato de presentear a criança com livros em datas especiais e premiá-la pela arte de explicar cada texto lido.

Para isso também é preciso estimular o professor a trabalhar com a leitura prazerosa em sala de aula e em parceria com os pais do aluno, seja o destinatário criança ou jovem. Isso é ainda mais necessário quando o próprio professor não teve experiências com a leitura, situação que poderá levá-lo a alguma metodologia inadequada, arriscando-se a efeito contrário ao desejado.

Mas, a rigor, a leitura não tem idade. Eu mesmo sou prova disso, pois, apenas com o curso primário, tive que dar duro para ganhar o próprio sustento e, já adulto e com família constituída, voltei à escola e conquistei espaços jamais imaginados. Mais em função da leveza de uma leitura prazerosa que de algo imposto a toque de obrigação.

O poder da leitura tem feito muita gente vitoriosa, a exemplo do sorridente Barack Obama, que “devorou” muitos livros para se abastecer de conhecimentos e se tornar o primeiro negro a chegar ao maior posto político do mundo. E a leitura tem transformado até perigosos presidiários como o famoso ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos, condenado a mais de meio século de prisão por assassinato, hoje recuperado e feito escritor, graças à literatura (Correio Popular, de 9/1/2009).

O hábito da leitura é, acima de tudo, uma arte. E foi com base em históricos daqueles que souberam conquistá-lo, embalados por verdadeira paixão, em cujo cenário também me considero incluso, que nasceu a ideia de estimular as pessoas por meio da minha campanha “Um livro por um sorriso”, com distribuição gratuita de obras próprias, já que o livro é ferramenta fundamental no processo da aprendizagem, mas que nem todos podem comprar.

O projeto, parcialmente executado com sucesso em 2007 e 2008, e contando hoje com a simpatia da Associação de Magistrados Brasileiros (Brasília), e também da TV Livro (São Paulo), com divulgação para todo o Brasil, terá continuidade agora nos dias 18, 19 e 20 de agosto no mesmo local, Largo do Rosário, Centro de Campinas, quando se atingirá a soma de 50 mil exemplares, acervo superior ao da maioria das bibliotecas do País, esperando-se que os beneficiários se disponham a formar uma grande corrente, emprestando o exemplar recebido a outras pessoas, após sua leitura, o que contribuirá para a melhor qualidade de vida de todos os envolvidos e, em alguma medida, para o engrandecimento da cultura nacional, conforme bem percebido pelo nosso grande Monteiro Lobato, não sendo demais lembrar que a melhor maneira de se guardar um livro é fazê-lo circular. Vamos em frente!

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