sexta-feira, 5 de março de 2010

Drusília Xavier: Quando a leitura torna‐se um valor e a família lê unida, os pequenos percebem o afeto gerado pela leitura e criam uma relação mais forte com o livro

Drusília Xavier, coordenadora da Divisão Infanto-Juvenil da Superintendência de Bibliotecas Públicas

Um dos grandes desafios para pais e educadores, atualmente, é criar o interesse pelo livro, uma vez que a criança e o jovem são atraídos por múltiplas tecnologias de informação, que se configuram, aparentemente, em instrumentos mais acessíveis e prazerosos de obtenção de conhecimento.

Apesar das facilidades da modernidade, a leitura da palavra escrita impressa é essencial para a formação e consolidação de leitores críticos, e, portanto, deve ser incentivada a partir da mais tenra idade. Segundo a coordenadora da Divisão Infanto‐Juvenil da Superintendência de Bibliotecas Públicas, Drusília Xavier, a família tem um papel fundamental na formação de leitores. “Quando a leitura torna‐se um valor e a família lê unida, os pequenos percebem o afeto gerado pela leitura e criam uma relação mais forte com o livro.”

A parceria entre família, escola e biblioteca constitui‐se em um meio eficaz para despertar e consolidar o prazer pela leitura. Em casa, os pais devem se esforçar para formar filhos leitores, e não simplesmente delegar à escola essa responsabilidade.

Para a educadora Regina Machado, doutora e mestre em Arte e Educação pela Universidade de São Paulo (USP), os pais deveriam ler sempre para os filhos. Ela afirma que este é o momento especial para a criança, que se depara com os adultos falando com voz diferente, um brilho alterado no olhar, movimentos ou expressões faciais incomuns. “Essa mudança no comportamento dos pais fascina os pequenos. Essa hora se eterniza na memória.”

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada este ano pelo Instituto Pró‐Livro, traçou o perfil dos leitores brasileiros e revelou informações surpreendentes, como, por exemplo, que as crianças lêem mais do que os adultos e as mães são as maiores incentivadoras.

ACERVO

Em Belo Horizonte, opções não faltam no mundo da leitura. Localizada na Praça de Liberdade, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa recebe, em média, 1,5 mil pessoas por dia, e possui cerca de 300 mil livros em seu acervo. São realizados aproximadamente 530 empréstimos, diariamente. A sede própria da Biblioteca Pública Estadual foi projetada por Oscar Niemeyer, em 1961.

Também a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, na Rua Carangola, n° 288, no Bairro Santo Antônio, disponibiliza um acervo bibliográfico atualizado, com mais de 20 mil títulos que contemplam a literatura para crianças, jovens e adultos. A Gibiteca, uma das maiores do país mantida pelo poder público, inaugurada em 1992, tem disponíveis para consulta 19 mil quadrinhos desde os da década de 1940 até os mais atuais, além de obras raras de interesse para pesquisadores.

Para a enfermeira Dircinéia Gonçalves, foi uma bênção ter descoberto a Biblioteca Pública Infanto‐Juvenil. Além dos filhos, Maurício, de 11 anos, e Beatriz, de 1 ano e sete meses, ela leva os seis amiguinhos, pelo menos duas vezes por mês. “Amei, porque o espaço é muito direcionado aos meninos. Passamos lá mais de três horas e ninguém reclamou. Todos se divertiram muito.”

INCENTIVO À LEITURA

Como desenvolver o hábito de leitura nos filhos? Confira as dicas da Divisão Infanto‐Juvenil da Superintendência de Bibliotecas Públicas:

• Dêem o exemplo. Se você só assiste à TV, seu filho fará o mesmo;
• Contem histórias para seus filhos, mesmo os maiores, e mostrem que se interessam pela leitura que estão fazendo, procurando conversar com eles sobre os que estão lendo;
• Presenteiem bebês com livro de pano e de borracha;
• Frequentem bibliotecas e livrarias com seus filhos. Procurem informações sobre a sua programação, levando‐os para participarem;
• Para quem deixa a leitura de um livro pela metade, ofereça outro. Todos têm o direito de parar a leitura de um texto do qual não gostou;
• Estimulem a troca de livros entre os familiares. Sempre há alguém da família que poderá ajudar no incentivo à leitura. Se um outro familiar indica, talvez seja mais fácil atingir uma criança mais resistente;
• Encorajem seus filhos a “lerem o mundo”, conversando com eles sobre outdoors e panfletos que receberem nos sinais de trânsito, fazendo juntos a lista do supermercado;
• Procurem outros livros sobre os assuntos com os quais estiverem trabalhando, em livrarias e bibliotecas, e sugiram que a criança leve‐os para a sala de aula;
• Deixem o livro ao alcance da criança pequena. Ao ter contato com livros, manuseá‐los e folheá‐los, ela desenvolve a curiosidade pela leitura;
• Não tirem a criança da frente da TV ou do computador especificamente para ler nem estabeleçam horários fixos para a leitura. Façam com que ela aprecie esse momento, em vez de encará‐lo como obrigação;
• Procurem obras que estejam relacionadas aos interesses da criança;
• Levem a criança para assistir a uma peça ou a um filme cuja história foi baseada em um livro. Isso poderá incentivá‐la a procurar a obra original.

COMENTÁRIO DO DIRETOR:

A importância da leitura para o processo de aprendizagem é um consenso cultural, e também comprovado através de pesquisas que mediram a diferença de vocabulário e informação entre os leitores. Também é consenso que a formação de um bom leitor começa muito antes da alfabetização. É claro que a família tem um fundamental papel como incentivadora da leitura, mas a sua sistematização é função da escola. No Coleguium, ela está presente em quatro ações pedagógicas diferentes:

Biblioteca da D. Livrolina: Atende aos alunos do Infantil e aos três primeiros anos do Fundamental. Uma simpática bibliotecária, aposentada e apaixonada por livros, vem à escola no início do ano, trazendo a sua biblioteca, organizada em baús que são distribuídos entre as salas de aula. Após sua visita, os baús são abertos e os livros começam a ser levados para leitura, em casa. Ao final do ano, cada aluno terá lido e avaliado uma média de 50 livros, adequados à sua faixa etária. No final do ano, D. Livrolina retorna à escola, para recolher seus baús e ouvir as opiniões dos alunos sobre os diversos livros que leram.

Hora do Conto: Luz baixa, silêncio na sala, está na “Hora do Conto”. Diariamente, as professoras do Infantil e Fundamental 1 consomem alguns minutos do seu tempo de sala para a leitura histórias, compatíveis com a faixa etária da turma. Nesses momentos, o objetivo é apenas trazer, para o dia a dia dos alunos, o fantástico momento de ouvir belas histórias.

Livros adotados: É no 1º Ano que as crianças lêem seus dois primeiros livros, com as respectivas propostas de atividades. A partir do 2º Ano, adotamos seis livros para cada série, adequados às respectivas faixas etárias. A leitura dos livros é obrigatória, pois eles são objeto de debates e estudos em sala. Para dar mais consistência a esse trabalho, a partir de 2010, os alunos do Fundamental 2 e Ensino Médio contarão com a disciplina “Literatura”.

Reportagem da Semana: A partir do 4º Ano os alunos iniciam um trabalho de leituras e comentário semanais de reportagens sobre os mais diversos assuntos. Para os 4º e 5º Anos, todas as reportagens são selecionadas na revista Ciência Hoje para Crianças. Para o Fundamental 2 e Médio, as reportagens são escolhidas na edição semanal da revista que possuir o maior número de assinantes. Semanalmente, três reportagens são escolhidas contemplando o interesse dos alunos de 6º e 7º Anos, 8º e 9º Anos, Ensino Médio. O ideal é que o aluno acesse diretamente a revista, tendo a oportunidade de ler outras reportagens. Quando não é possível, poderão visualizá‐las através do nosso site.
Acreditamos que, com esses quatro programas educacionais, contribuímos de forma muito decisiva na formação de bons leitores.

Prof. Virgílio Machado
Diretor do Coleguium



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