domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pelas Ruas: projeto independente instala estante de livros em parada de ônibus



Já pensou em ler poesias de Machado de Assis e Gonçalves Dias enquanto espera o ônibus? No bairro Bela Vista, em Porto Alegre, é possível. O coletivo de arte Estúdio Nômade montou uma estante para livros na Avenida Nilo Peçanha, na altura do número 106. O propósito do grupo, segundo informaram o administrador de empresas Aron Krause Litvin, 25 anos, e o psicólogo Daniel Müller Caminha, 25, é questionar a civilidade da população.

— Queremos mostrar que a cidade pode ter mais poesia no cotidiano. Nossa vida é tão regrada, cheia de leis. Temos que colocar arte para que o dia fique mais bonito — comenta Aron.

O projeto independente chamado Estante Pública nº 1 teve início na madrugada desta quinta-feira, dia 5, quando cerca de 50 livros foram colocados nas prateleiras. Segundo Daniel, a intervenção não tem como objetivo exclusivamente o incentivo à leitura, ela "propõe a discussão sobre como as pessoas se apropriam do espaço público".

— A idéia é que pessoas tenham uma consciência coletiva. Ocupamos com arte espaços públicos que estão inutilizados. É um espaço de troca. É para aproveitar os livros sem ter a necessidade de levar para casa e, se o fizerem, que tragam de volta — comenta Aron.

O zelo com a conservação das obras e a certeza de que não serão roubados tornou-se uma preocupação dos moradores do bairro.

— Eu vi quando os livros foram colocados ontem e hoje percebi que a estante estava mais vazia pela manhã. Já fiquei chateada. Espero que quem tenha pego, que devolva — diz a dona de casa Marilene Fick, 60.

O advogado Paulo Cícero DaCamino, sensibilizado com o sumiço de algumas obras, fez uma doação:

— Eu tinha alguns livros de Direito que não estava mais usando e coloquei lá nesta manhã. Acredito que à tarde, vou deixar mais alguns. Como à noite a parada fica no escuro, estou pensando em puxar uma extensão e colocar uma lâmpada próxima da estante.

Curiosidade

A arte urbana foi bem aceita pela população. Olhares curiosos vêm de motoristas e pedestres que passam pelo local.

— Vinha passando e me chamou atenção esse monte de livros e já parei para ler. Achei fantástico! — comenta a professora Maria Tereza Petrini, 57 anos.

A doméstica Maria da Graça Escobar Vaz, 54, passou pelo local com pressa ontem e fez questão de voltar nesta sexta-feira para dar uma olhada nos livros:

— Fiquei muito curiosa e feliz por essa iniciativa. Todos estão de parabéns.

O projeto deve ser ampliado, mas ainda não foi escolhido um local para nova intervenção. Mais detalhes podem ser conferidos no blog http://estantepublica.blogspot.com/


Fonte: Zero Hora

Fonte: Estante Pública

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